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Moçambique: Destruição de Infraestruturas Públicas Atinge 226 Unidades



Nos últimos meses, Moçambique sofreu com a destruição de pelo menos 226 edifícios públicos devido a protestos pós-eleitorais e eventos climáticos extremos, segundo dados do Governo. O levantamento, que abrange sete províncias do país, foi revelado pelo Ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa.


Durante um encontro com a Comissão de Administração Pública e Poder Local, o ministro destacou que os danos incluem estruturas da administração pública severamente afetadas por manifestações e ciclones. Para responder a essa situação, o Governo pretende mobilizar fundos específicos, uma vez que esses custos não estavam previstos no Plano Quinquenal que será discutido em breve na Assembleia da República.


Desafios de Reconstrução


Impissa reconheceu que a destruição comprometeu o progresso do país e informou que estão a ser elaborados pacotes financeiros para a recuperação das infraestruturas. O Orçamento do Estado será a primeira fonte de financiamento, mas não se descarta a necessidade de apoio adicional, devido à dimensão dos prejuízos.


Protestos e Ciclones Intensificam Crise


Desde as eleições de 9 de outubro de 2024, o país tem enfrentado uma forte onda de contestação liderada por Venâncio Mondlane. Esses protestos resultaram em cerca de 390 mortes, segundo organizações da sociedade civil, além de saques e destruição de propriedades públicas e privadas. O Governo, por sua vez, confirmou pelo menos 80 óbitos e danos significativos em comércios, escolas e unidades de saúde.


No mesmo período, Moçambique enfrentou três ciclones: Chido, Dikeledi e Jude, que, juntos, provocaram a morte de aproximadamente 170 pessoas e afetaram diversas regiões, agravando ainda mais a situação humanitária e estrutural.


Resposta Lenta à Tragédia


O ciclone Chido, que atingiu o norte do país em dezembro, deixou um rastro de destruição, especialmente em Cabo Delgado. Mais de um mês depois, a reconstrução ainda é considerada lenta por autoridades locais e moradores. Muitas famílias continuam desabrigadas, vivendo em condições precárias, apesar da assistência inicial coordenada pelo Instituto Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (INGD), que alega ter alcançado 71% dos afetados.


Infraestruturas Críticas em Colapso


Os danos vão desde escolas e centros de saúde destruídos até o comprometimento de redes elétricas, com mais de 1.800 postes afetados. Em áreas como Mecufi, ponto de entrada do ciclone Chido, a devastação foi quase total. Brigadas móveis de saúde foram ativadas para suprir a ausência de infraestruturas fixas, enquanto o setor da Educação aposta na criação de salas provisórias para o início do ano letivo.


Apelo à Solidariedade Internacional


A ONU tem insistido na importância de apoio internacional para suprir as necessidades básicas das comunidades atingidas, incluindo alimentos, sementes e materiais essenciais. A situação em bairros como Mahate, onde a erosão ameaça propriedades, mostra como os impactos do ciclone continuam a afetar duramente a população.


Um Caminho para a Resiliência


Apesar do anúncio do então presidente Filipe Nyusi sobre a necessidade de reconstruir respeitando o ordenamento territorial para evitar tragédias futuras, as ações concretas ainda não foram iniciadas.

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