Durante um encontro com a comunidade moçambicana em Luanda, o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, referiu-se aos protestos que se seguiram às eleições gerais de outubro de 2024, afirmando ser essencial reconhecer que "a partida terminou" e que é tempo de se preparar para um novo ciclo político. Chapo regressou a Angola, desta vez como chefe de Estado, após quase um ano desde a sua última visita enquanto candidato.
Apesar de não se tratar de uma visita oficial de Estado — que deverá acontecer posteriormente —, Chapo aproveitou o momento para agradecer tanto ao povo angolano quanto aos moçambicanos residentes em Luanda pelo apoio e confiança depositada nas urnas.
O Presidente lamentou os episódios de violência que ocorreram após as eleições, apontando que tais situações não são exclusivas do continente africano, mencionando também ocorrências semelhantes no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo ele, há vozes que questionam a saúde da democracia atual, mas defendeu que sempre buscou soluções pacíficas para os desentendimentos.
"Os conflitos não foram motivados pelos resultados"
Daniel Chapo rejeitou a ideia de que a agitação pós-eleitoral estivesse relacionada com os resultados oficiais, alegando que houve candidatos que se declararam vitoriosos antes mesmo da contagem dos votos — numa clara alusão ao opositor Venâncio Mondlane, sem o citar diretamente. Para ele, é necessário criar consensos e promover o diálogo, reconhecendo que desde as primeiras eleições em 1994, quase todos os pleitos terminaram com algum tipo de turbulência.
Utilizando uma metáfora futebolística, comparou as eleições a um jogo em que todos querem vencer, mas no qual o resultado deve ser respeitado conforme declarado pelas autoridades competentes.
"É hora de virar a página"
Reiterando a legitimidade de seu mandato, Chapo afirmou que governa para todos os moçambicanos, inclusive os que não votaram nele, e que continuará a priorizar a estabilidade e a reconciliação nacional. Destacou ainda a necessidade de combater a corrupção, considerada um dos principais entraves ao desenvolvimento do país.
Em relação às relações com Angola — país que, como Moçambique, celebra este ano meio século de independência —, Chapo defendeu o reforço da cooperação, especialmente entre os setores privados dos dois países. Entre as prioridades, destacou a importância de se restabelecer a ligação aérea direta entre Maputo e Luanda, como forma de estreitar laços comerciais e culturais.
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