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"Chega de Silêncio!": População Ocupa Ruas Contra Violência Política em Moçambique


Na manhã desta quinta-feira (06/03), o bairro Patrice Lumumba, localizado na cidade da Matola, foi palco de intensos protestos, com manifestantes revoltados após a polícia disparar contra a comitiva de Venâncio Mondlane no dia anterior. Para tentar conter o tumulto, as forças policiais foram mobilizadas, mas a população reagiu com barricadas e queima de pneus nas principais vias da área.

Um dos participantes da manifestação, de 30 anos, expressou sua indignação: "Se voltarem a atacar o nosso presidente, este país vai parar." Os protestos se concentraram na Rua N, uma das mais movimentadas do bairro, situado a cerca de 14 quilômetros do centro de Maputo.

O incidente que desencadeou a revolta ocorreu na tarde de quarta-feira, quando a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) abriu fogo contra a caravana de Mondlane, enquanto esta passava pelo bairro de Hulene, na Avenida Julius Nyerere. De acordo com informações da Plataforma Decide, pelo menos 16 pessoas ficaram feridas, entre elas duas crianças e um integrante da equipa de Mondlane.

"Ontem já tentamos sair à rua, mas fomos perseguidos pela polícia. Hoje levantamos às quatro da manhã e viemos para cá," contou outro manifestante, de 32 anos, enquanto ajudava a erguer barricadas.

Clima de tensão e disparos pela polícia

Para dispersar os manifestantes, a polícia efetuou disparos ao longo da principal avenida do bairro. No entanto, grupos de jovens usaram becos e quintais como refúgio, voltando à rua assim que os agentes se deslocavam para outras áreas. O clima tenso levou ao encerramento de quase todo o comércio local e o som de tiros ecoava entre as casas e vielas.

Além da Matola, atos semelhantes ocorreram em Inhambane, onde populares bloquearam trechos da Estrada Nacional 1 (N1), em protesto contra o ataque à caravana de Mondlane. Segundo a porta-voz da polícia na província, Nércia Bata, houve tentativas de diálogo entre as autoridades e os manifestantes para reabrir a estrada.

"Queremos paz, só queremos trabalhar. Não podemos viver assim, com medo e fome," desabafou Maria Tivane, moradora do Patrice Lumumba.

Desde que os protestos começaram, em outubro do ano passado, Patrice Lumumba tem sido um dos bairros mais afetados, com registro de mortos, confrontos violentos e até saques a estabelecimentos.

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