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Daniel Chapo: “A partida terminou”

Escassez de Moeda Estrangeira Ameaça Continuidade de Empresas



Mais de 15 empresas enfrentam o risco de encerrar as atividades devido às dificuldades na importação de bens, agravadas pela escassez de divisas no país. O alerta foi dado pelo setor privado, que apontou o défice de moeda estrangeira como um entrave significativo ao ambiente de negócios.

Há quase um ano, empresários vêm manifestando preocupação com a limitação de acesso a divisas no mercado financeiro. No entanto, o Banco de Moçambique assegura que tem adotado medidas para manter um nível mínimo de disponibilidade e evitar um colapso. Apesar disso, os empresários afirmam que tais esforços não têm sido suficientes para aliviar a crise, impactando diretamente a continuidade de várias empresas que dependem de importações.

O problema afeta principalmente os setores da indústria transformadora e do turismo. No caso do turismo, companhias aéreas internacionais já suspenderam a emissão de bilhetes em algumas agências moçambicanas devido à dificuldade de repatriar receitas, que precisam ser convertidas em dólares.

“O volume total das operações de compra e venda de moeda estrangeira cresceu cerca de 13% entre o primeiro e o terceiro trimestre de 2024. Esse aumento foi impulsionado por uma maior compra de divisas pelos bancos comerciais aos seus clientes, que subiu 18%, enquanto as vendas de moeda externa pelos bancos cresceram apenas 7%”, explicou Agostinho Vuma.

O setor privado também considera que 2024 foi um dos anos mais difíceis para a economia, período em que os bancos comerciais operaram com uma liquidez mínima de 5,5 milhões de dólares. Segundo estimativas, ao longo do ano, os bancos captaram cerca de 1,8 mil milhões de dólares de seus clientes. Esse aumento nas compras líquidas estaria relacionado ao comportamento dos passivos e ativos líquidos, reduzindo a disponibilidade de moeda estrangeira para as empresas.

Além da falta de circulação de divisas nos bancos comerciais, a CTA (Confederação das Associações Econômicas de Moçambique) apresentou uma lista de empresas com faturas submetidas para pagamento e ainda pendentes, totalizando aproximadamente 402 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2024.

Para pressionar o Banco de Moçambique a adotar medidas urgentes, os empresários planejam apresentar, dentro de uma semana, um novo conjunto de faturas pendentes. Agostinho Vuma reforçou que, diante da posição do Banco Central de que há liquidez suficiente, a CTA está reunindo informações sobre pedidos de pagamento de importação e compromissos financeiros que estão em aberto há mais de três meses. Essas informações serão encaminhadas ao Banco de Moçambique para que se encontre uma solução para a crise de divisas que ameaça a continuidade de muitas empresas no país.

Fonte: O pais 

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