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O governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, afirmou que a região norte de Moçambique está no rumo da paz duradoura, após quase oito anos de confrontos com grupos armados.
Durante o lançamento da campanha de comercialização agrícola de 2025, no distrito de Ancuabe, Tauabo destacou os avanços conquistados graças à atuação das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Segundo ele, os insurgentes já receberam a oportunidade de se reintegrarem nas suas comunidades e famílias, desde que sejam moçambicanos e estejam dispostos a colaborar de forma sincera.
“O ambiente em Cabo Delgado tem melhorado significativamente”, disse o governador, acrescentando que a presença no distrito de Ancuabe já é possível graças ao retorno da estabilidade. Ele reforçou que aqueles que se renderem serão acolhidos, desde que se comportem com honestidade.
Tauabo mostrou-se otimista quanto ao futuro da província, acreditando que a paz definitiva será alcançada ainda este ano. Ele apelou à união da população, lembrando que muitos dos insurgentes têm laços familiares com os habitantes locais.
Por outro lado, o pesquisador João Feijó, do Observatório do Meio Rural (OMR), alertou que os grupos armados têm se reorganizado, optando por atacar áreas com menor presença militar, evitando confrontos diretos com as tropas ruandesas que operam em zonas como Palma e Mocímboa da Praia. Segundo ele, os insurgentes concentram-se agora em regiões menos protegidas pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Feijó explicou que os ataques recentes visam gerar repercussão internacional, especialmente por ocorrerem em áreas com investimentos estrangeiros e presença de turistas. Ele também destacou que os combatentes armados têm se deslocado entre os distritos de Muedumbe, Meluco e até à província de Niassa, aproveitando-se da dificuldade das forças moçambicanas em se distribuírem estrategicamente.
Dados do Centro de Estudos Estratégicos de África revelam que, somente em 2024, mais de 340 pessoas perderam a vida em ataques ligados a grupos extremistas na província, o que representa um aumento de 36% em relação ao ano anterior.
Feijó ainda observou que a proteção em torno do distrito de Afungi, graças à presença das forças ruandesas e ao projeto de gás natural da TotalEnergies, tem contribuído para manter um raio de segurança de cerca de 50 km. A empresa francesa, segundo ele, tem adotado medidas de apoio às comunidades locais, como compra de produção agrícola e criação de empregos, o que tem ajudado a reduzir tensões sociais.
Apesar dos avanços, o pesquisador alertou que os insurgentes estão preparados para uma guerra prolongada, motivados por causas ideológicas e dispostos a morrer em combate, o que lhes confere uma vantagem psicológica em relação aos jovens soldados moçambicanos, que muitas vezes não compreendem plenamente sua missão.
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